O Sociólogo Ricardo Antunes apontou em muitos de seus estudos, que o auge da Revolução Industrial no
contexto Europeu, ocorreu com o advento das grandes fábricas: espaços gigantes
que concentravam centenas de trabalhadores, com péssimas condições de trabalho,
baixos salários e que por lá permaneciam mais de 18 horas de trabalho por dia,
sem saber se era dia ou noite. Nestes mesmos espaços convergiram lutas, greves
e manifestações dos chamados “proletários”, trabalhadores que lutaram por direitos e conquistas de classe.
Contradição
ou não, vivemos hoje um momento áureo do consumo e do consumismo. Comprar
muito, comprar bem e ter os produtos da moda, informam muitas coisas, entre elas: informam quem sou, sempre baseado
no que eu tenho ou mostro ter, não pelo que faço no convívio com os outros, apenas o que consigo consumir.
Assim, todo ano tenho que me manter “na moda”. Nada melhor neste contexto que
falar dos Shoppings no Brasil, espaços de consumo que já são mais de 500 espalhados
no território e parecem muito com os espaços industriais do passado.
Viver
todos os dias cercado de pessoas consumidoras em tempo integral deve ser ótimo (#ironia).
Pessoas que estão em ritmo de consumo, de compras, onde o auge é ficar cheio de
sacolas para ser melhor atendido. Como nos ensina a novela das oito (que começa
depois das nove): “todos precisamos de um banho de loja no momento de tristeza”. O público do shopping
sempre tem razão, são clientes que pagam para estar num espaço fechado,
climatizado, limpo e muito, mas muito iluminado. É, assim como nos ensina a lei
penal: “aqui se faz, aqui se paga”. No shopping, pagamos pelo estacionamento,
pelo ar que respiramos e pela luz que nos ilumina. Pagamos tudo isso no preço
final dos produtos, pois queremos comprar em um lugar seguro e pagamos com
orgulho por isso.
Não
quero parecer alguém que não gosta de shopping. Eu na verdade ODEIO shopping center.
Odeio os falsos sorrisos dos vendedores que dizem: “- Posso lhe ajudar em algo?”
Mas poderiam dizer: “- Posso te empurrar algo?”. Das comidas plásticas dos
restaurantes com ar gourmet, do cheiro da pipoca com manteiga extra dos cinemas,
dos sorvetes e de seus refrigerantes aguados de 2 litros em grandes copos com gelo. Sei lá, essas coisas não me comunicam nada de positivo.
Mas também não sou contra sua existência. Esses espaços de consumo devem existir, são expressões de um tempo. Nada melhor que um templo de consumo para seus felizes fiéis defensores. Nos Shoppings as pessoas buscam comprar seus bons costumes e seus estilos de vida. Odeio Shopping, mas não acho que estes espaços sejam protagonista do meu ódio e muito menos culpado dos males da sociedade. Ele apenas materializa a sociedade do consumo, de pessoas que gostam de estar dentro de uma geladeira, cercada de lojas que vendem a ilusão da beleza, da riqueza e da fama, mas que compram dívidas, pensamentos uniformes e intolerância.
Mas também não sou contra sua existência. Esses espaços de consumo devem existir, são expressões de um tempo. Nada melhor que um templo de consumo para seus felizes fiéis defensores. Nos Shoppings as pessoas buscam comprar seus bons costumes e seus estilos de vida. Odeio Shopping, mas não acho que estes espaços sejam protagonista do meu ódio e muito menos culpado dos males da sociedade. Ele apenas materializa a sociedade do consumo, de pessoas que gostam de estar dentro de uma geladeira, cercada de lojas que vendem a ilusão da beleza, da riqueza e da fama, mas que compram dívidas, pensamentos uniformes e intolerância.
Mas deixo uma dica: se um dia estiver com raiva, triste e
sem vontade de fazer as coisas do dia-a-dia, te convido para ir no shopping e
encontrar pessoas com os mesmos sentimentos, alguns estão lá trabalhando,
outros comprando. Todos possuem os mesmos sentimentos, mas uns sabem esconder
melhor que outros com seus falsos sorrisos. Se for de outra classe e chama de “rolézinho” este mesmo passeio
de consumo, venha preparado para ser visto como alguém que provoca medo. Lembro
que quando os colégios particulares terminavam seus passeios nos shoppings,
ninguém corria para dentro das lojas e se abrigava quando via muitos jovens entrando
em grandes grupos nos shoppings. Mas se eles não parecem com seus filhos e
amigos, é melhor se engaiolar nas lojas, pois: - essa gente de “rolé” boa coisa
não é, né? Se o rolé é uma manifestação da “ralé” como diria Jessé de Souza,
que seja furando a bolha da apartação em um Brasil com miséria, que resolveu começar
pelo shopping. Afinal, na área do consumo de hoje, é proibido proibir. Nossa democracia está baseada mais no acesso ao consumo do que acesso a direitos básicos de sobrevivência crítica. ID!